O estresse nas organizações. O que é e como lidar.

11/02/2015 22:33

O estresse é um termo retirado da física, e significa qualquer força que aplicada sobre um sistema, leva à sua deformação ou destruição. Aplicando-se o termo ao homem vê-se que estresse é qualquer estímulo que afeta negativamente a pessoa humana. É uma reação psicológica e somática decorrente de um prolongado estado de alerta do organismo contra agentes que o ameaçam (estressores), caracterizando-se por uma série de sintomas, tais como fadiga, perda de concentração, insônia ou sono excessivo, baixa do sistema imunológico, problemas gastro-intestinais, respiratórios, cardíacos, entre outros.

O estresse não é ruim em si mesmo. Em doses adequadas ele é um fator de motivação. Quando abaixo de um certo nível provoca tédio e dispersão. Quando acima de certos níveis, provoca ansiedade e cansaço. E quando em doses ideais, a sensação é de se sentir desafiado, animado e motivado, como mostra a figura abaixo.

FASES DO ESTRESSE

                1° fase: ALERTA:

Podemos sentir tensão ou dor muscular, azia, mudança de apetite, irritabilidade sem causa aparente, nervosismo, sensibilidade excessiva e inquietação.

  • SONO: Dificuldade em dormir muito acentuada devido à adrenalina.

  • SEXO: Libido (vontade de ter sexo) alta. Muita energia.

  • TRABALHO: Grande produtividade e criatividade. Pode varar a noite sem dificuldade.

  • CORPO: Tenso. Músculos retesados. No inicio da fase, aparece a taquicardia (coração disparado). Sudorese. Sem fome e sem sono. Mandíbula tensa. Respiração mais ofegante do que o normal. No todo, o organismo reage em uma perfeita união entre mente e corpo. A tensão do corpo encontra correspondência na mente.

  • HUMOR: Eufórico. Pode ter grande irritabilidade devido à tensão física e mental experimentada.

2° fase: RESISTÊNCIA

Nesta fase, dois sintomas mais importantes surgem: dificuldades com a memória e muito cansaço. Se nosso esforço for suficiente para lidar com a situação, o stress é eliminado e saímos do processo de stress.

  • SONO: Normalizado.

  • SEXO: Libido (vontade de ter sexo) começa a baixar. Pouca energia. O sexo não apresenta interesse.

  • TRABALHO: A produtividade e a criatividade voltam ao usual, mas às vezes não consegue ter novas idéias.

  • CORPO: Cansado, mesmo tendo dormido bem. O esforço de resistir ao stress se manifesta em uma certa sensação de cansaço. A memória começa a falhar. Mesmo não estando com alguma doença, o organismo se sente “doente”.

  • HUMOR: Cansado. Só se preocupa com a fonte de seu stress. Repete o mesmo assunto e se torna tedioso.

3° fase: EXAUSTÃO

O problema maior começa a ocorrer quando não conseguimos resistir ou nos adaptar e nosso organismo começa a sofrer um colapso gradual. Doenças começam a ocorrer, pois o organismo se exaure e o stress fica excessivo. O stress pode se tornar excessivo porque o evento estressor é forte demais ou porque se prolonga por tempo muito longo.

  • SONO: Dorme pouco. Acorda cedo e não se sente revigorado pelo sono.

  • SEXO: Libido (vontade de ter sexo) desaparece quase que completamente.

  • TRABALHO: Não consegue mais trabalhar como normalmente. Não produz. Não consegue se concentrar e nem decidir.O trabalho perde o interesse.

  • CORPO: Desgastado e cansado. Doenças graves podem ocorrer, como depressão, úlceras, pressão alta, diabetes, enfarte, psoríase etc. Não há mais como resistir ao stress. A batalha foi perdida. A pessoa necessita de ajuda médica e psicológica para se recuperar. Em casos mais graves, pode ocorrer a morte.

  • HUMOR: Não socializa. Foge dos amigos. Não vai a festas. Perde o senso de humor. Fica apático. Muitas pessoas têm vontade de morrer

Estressores organizacionais (físicos e psicossociais)

- Trabalhos, tarefas, responsabilidade e limites de autoridades mal definidas

- Histórico anterior de conflito entre duas ou mais pessoas ou grupos.

- Relações interdepartamentais que, com freqüência, fazem com que as pessoas tenham propósitos antagônicos; relações tradicionalmente antagônicas como vendas versus engenharia, produção versus controle de qualidade, enfermagem versus administração hospitalar, repartição distrital versus sede regional, etc.

- Níveis não razoáveis de pressão e ritmo de trabalho na organização.

- Uma grande queda da atividade econômica que comprometa a segurança dos membros da organização no trabalho.

- Clima geral de competição alimentado pela direção e pelos administradores dos diversos níveis.

- Favoritismo demonstrado pelos gerentes por este ou aquele empregado.

- Forma de tratamento punitiva, acusativa ou ameaçadora por parte de um chefe de seção, levando a comportamentos escapistas como, por exemplo, por a culpa nos outros e transferir nos outros responsabilidade.

- Padrões obscuros ou arbitrários de avanço e promoção na organização; padrões incoerentes de recompensa às realizações; política organizacional excessivamente secreta e competitiva.

- Grande confusão ou incerteza quanto a grandes mudanças ou transtornos na organização; incapacidade dos empregados de definis seus papeis e interações futuras.

 

A situação estressante também pode ser detectada no funcionamento dos Grupos e Organizações.

 

Grupos:

  • competição não saudável;

  • politicagem;

  • comportamento hostil com as pessoas;

  • perda de tempo com discussões inúteis;

  • pouca contribuição ao trabalho;

  • membros trabalham isoladamente;

  • problemas comuns não são compartilhados;

  • alto nível de insegurança;

  • grande dependência do líder;

Organizações:

  • greves;

  • atraso constantes nos prazos;

  • ociosidade;

  • sabotagem;

  • absenteísmo;

  • alta rotatividade de funcionários;

  • altas taxas de doenças;

  • baixo nível de esforço;

  • vínculos empobrecidos;

  • relacionamento entre os funcionários caracterizado por rivalidade, desconfiança, desrespeito, desqualificação.

Stress e produtividade (indicadores individuais)

  • queda da eficiência;

  • ausências repetidas;

  • insegurança nas decisões;

  • protelação na tomada de decisão;

  • sobrecarga voluntária de trabalho;

  • uso abusivo de medicamentos;

  • irritabilidade constante;

  • explode facilmente;

  • grande nível de tenção;

  • sentimento de frustração;

  • sentimentos de onipotência;

  • desconfiança;

  • eclosão ou agravamento de doenças

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

 

Manejando o stress na organização.

Em seu trabalho, estabeleça relações gratificantes, agradáveis e de cooperação com quantos colegas e empregados for possível.

Classifique seu trabalho por ordem de importância e administre bem seu tempo; não dê um passo maior do que as pernas.

Administre por objetivos, para ficar com a iniciativa do máximo de áreas de problema que puder (Albrecht,1977,1978).

Estabeleça uma relação bastante eficaz e de apoio com seu chefe. Compreenda os problemas dele e o ajude a compreender os seus. Ensine seu chefe a respeitar suas prioridades e sua carga de trabalho e a manter as incumbências em nível razoável.

Negocie prazos realistas para projetos importantes com seu chefe. Esteja pronto para você mesmo propor os prazos em vez de que eles lhe sejam impostos.

Estude o futuro. Aprenda o máximo que puder sobre os prováveis acontecimentos futuros e consiga o máximo de antecedência para prevê-los. Administre e planeje ativamente, e não como uma reação aos fatos.

Encontre tempo todos os dias para se desligar e relaxar. Feche a porta cinco minutos todas as manhãs e tardes, ponha os pés para cima, relaxe profundamente e tire a cabeça do trabalho. Pense em coisas agradáveis para refrescar a mente.

Ande um pouco de vez em quando para manter seu corpo revigorado e alerta. Ache razões para ir a outras partes de seu prédio ou das instalações onde você trabalhe. Cumprimente as pessoas que encontrar no caminho.

Estude o barulho no local de seu escritório e descubra maneiras de reduzir o tumulto desnecessário. Ajude seus empregados a baixar o nível de ruído onde quer que seja possível.

Saia de seu escritório de vez em quando para mudar de cenário e pensar em outras coisas. Não almoce no escritório nem fique nele muito tempo depois da hora de ir para casa ou de se dedicar a outras atividades.

Reduza as minúcias e as coisas de menor importância às quais você dá atenção. Assine apenas o que realmente exigir seu estudo, sua compreensão e sua aprovação. Delegue a papelada de rotina sempre que possível.

Limite as interrupções. Procure programar certos períodos em que possa ser interrompido todos os dias e reserve outros períodos para seus próprios fins. Pegue os recados telefônicos com sua secretária e responda a todos os telefonemas numa determinada hora (exceto, é claro, nos casos de emergência).

Assegure-se de que sabe delegar bem. Faça o levantamento de um dia típico de trabalho e descubra quantas coisas você fez que poderiam ter sido entregues a outra pessoa que de fato deveria ter feito o trabalho.

Não adie os problemas incômodos, como orientar o empregado com problemas ou resolver um problema de relações humanas em sua equipe. Aceite o estresse a curto prazo em vez da ansiedade e do desconforto a longo prazo.

Faça uma “lista de preocupações” construtivas. Anote os problemas que o preocupam e, ao lado de cada um, anote o que vai fazer com relação a ele. Organize um catalogo completo de preocupações do momento, para que nenhuma delas esteja sempre no limiar de sua consciência. Traga-as à tona, onde você possa enfrenta-las.

Além desses, o sono adequado, a alimentação balanceada e a atividade física podem ser considerados o tripé da prevenção do estresse. Pense nisso!